FORMAÇÃO DAS PERSONALIDADES PSÍQUICAS

FORMAÇÃO DAS PERSONALIDADES PSÍQUICAS

 

A cada nossa nova experiência como consciência encarnada, desenvolvemos uma personalidade com padrão de caráter, que se exterioriza na dependência das nossas experiências acumuladas, nossas opções individualizadas, nossas possibilidades psíquicas intelectuais adquiridas e do script (enredo) traçado e proposto por nós para esta nova experiência no corpo somático.

Se remontarmos ao final da nossa tentativa de exclusão, saindo do Espirito, quando nos individualizamos, após a nosso aparente isolamento da totalidade, no ponto de matéria auto gerada, cada unidade individualizada parou em determinado estágio (ponto de materialização) de adensamento da consciência até sua atomização. Quanto mais contraída a consciência individualizada, em sua exclusão da totalidade, mais adensada a matéria gerada e consequentemente mais primaria e bruta a forma inicial adquirida para início da jornada de retorno desta consciência egoica ao Espirito, totalidade. Daí os diferentes níveis, que podemos observar, no conteúdo, forma e localizações assumidas na dependência desta contração.

Podemos deduzir que iniciamos nossa jornada de retorno a totalidade, partindo dos elementos primários do universo, passando e incorporando todas as formas incipientes de organização de vida física, até atingirmos esta nossa parcial consciência da totalidade que nos contem e em nós está contida.

A consciência contraída, chamada de alma, (“porção do Espirito”) inicia sua expansão, e retorno através da matéria, seguindo princípios físicos ;  caminhamos na  lei da    atração entre os elementos químicos primários, nos organizamos  matemática e geometricamente nos cristais, iniciamos as sensações nos vegetais, criamos mecanismos de automatismos biológicos e emocionais condicionados, chamados instintivos nos animais, e através destes impulsos, vamos resgatando nossa consciência parcial desenvolvendo e estabelecendo nossa identidade, o eu sou, o eu mesmo, observando-nos agora, em nosso estado humanizado, na expressão limitada da matéria biológica a que estamos vinculados.

Toda evolução é progressiva, sem saltos, existe um paralelo entre a evolução física na matéria tangível, e a evolução da consciência e do psiquismo no imponderável(extra físico).

Hoje como animais intelectuais, fazemos nossas experiências evolucionárias em espaços dimensionais múltiplos, ora no soma (“consciência encarnada”, somatizada), ora como campo eletromagnético individualizado, ainda que plural, em espaços dimensionais infinitos (“consciência desencarnada”, desomatizada) porem, sempre evoluindo na experimentação, na captação, elaboração e armazenamento do conhecimento,  que já nos é próprio, porem mantem-se adormecido e latente, em nós mesmos, pois somos oriundos, nos criamos, a partir do todo consciencial , O Espirito, que tudo contém.

A cada novo retorno ao soma, trazemos em nosso conteúdo físico e psíquico toda bagagem evolucional já percorrida. Exemplo são os reflexos condicionados e automatizados como respiração, equilíbrio homeostático, todas as funções vegetativas, os instintos. Sob o aspecto psicológico na formação da nossa psique, também desenvolvemos automatismos progressivamente. São nossas respostas psíquicas involuntárias aos estímulos a que já estamos condicionados pela sua repetição sucessiva, com nossas reações psíquicas imediatas, como raiva, agressão, medo e fuga, até respostas sociais condicionados como pedir desculpas, por favor, com licença, obrigado, manifestações intuitivas espontâneas, que já fazem parte, de grande parte da humanidade como animal intelectual em evolução.

Após uma experiência no soma (“encarnação”), podemos assumir um novo modelo, introjetando padrões assemelhados a de uma figura arquetípica, presente “campo dos arquétipos” existente no arquivo consciencial das humanidades, chamado pela psiquiatria Junguiana como “inconsciente coletivo” e seus arquétipos. Outra possibilidade é de repetirmos semelhante modelo arquetípico manifesto em experiência pretérita, agora nesta experiência, refazendo aproximadamente todas as nuances de existências pretéritas, fechando um ciclo repetitivo e estacionário neste “ir e vir”.

Por observação e estudo das inúmeras sessões Terapias Regressivas a Vidas Passadas, ora notamos claramente a mudança drástica e radical dos padrões arquetípicos que são introjetados a cada nova experimentação no corpo somático, e a outra possibilidade já referida, que é a repetição sucessiva do padrão anteriormente estabelecido, fixando-o cada vez mais no núcleo da consciência, dificultando sua mudança a cada nova experiência no soma.

Podemos citar aqui alguns e exemplos observados de mudanças radicais e antagônicas de modelos:

• Valente, corajoso — covarde, inseguro, tímido.
• Agressivo, impulsivo, ativo — passivo, retraído, magoado, depressivo, melancólico.
• Insensato, voluptuoso, fútil – cauteloso, casto, recatado.
• Poderoso, rico, abusador, arrogante, prepotente, vaidoso – simples, pobre, humilde, subserviente.

Na maioria das vezes, ocorre uma tentativa na mudança do padrão, com desenvolvimento de personalidades antagônicas a condição experimentada anteriormente ou pode-se ocasionalmente, como já foi descrito, repetir padrão semelhante a personalidade manifesta em experiência anterior.

As diferenças observadas nas apresentações dos padrões, mudam sua expressão na dependência do tempo decorrido entre a sua última ocorrência, da sua localidade, do meio ambiente que se apresentam, que tipos de sociedades e quais as motivações e condições que influenciaram no seu desenvolvimento e manifestação.

Observamos que as novas personalidades, que estão em contra padrão, encontram muita dificuldade em se manterem, como “consciências encarnadas” sendo pressionadas pelas personalidades criadas anteriormente, que ainda permanecem ativas em nosso campo psíquico, atuando como personalidades satélites orbitando nossa psique, sendo todavia, constantemente bloqueadas pelo ego que de certa forma protege e mantem e tenta estabilizar a personalidade atual manifesta no soma, em sua proposta existencial atual.

Todas estas personalidades satélites desagregadas, que orbitam em nossa psique, já tiveram sua experiência no soma, e ainda se mantém ativas com todo seu automatismo psíquico desenvolvido, ecoando em nós, por ressonância, com todos os seus traumas, seus complexos e seu caráter. Como estas personalidades pretéritas muitas vezes não estão integradas e alinhadas ao núcleo psíquico da consciência encarnada, (discordância com o projeto atual de experimentação) mantém sua influência sobre a psique, invadindo nossos pensamentos , distorcendo nossa vontade e impulsos, transferindo desejos diversos, raivas, culpas e medos, que fazem partes de nós mesmos, todos provenientes nossas experimentações em personalidades pretéritas que moldamos e demos liberdade de expressão e independência, e que hoje tentamos manter ocultos nas sombras da memória (inconsciência) porém,  já as vivenciamos intensamente no pretérito sob outra máscara (persona) e que hoje na nossa tentativa de mudança do padrão anterior tentamos repelir (como se toda esta avalanche de influencias que nos assediam, não nos pertencessem) sem entendermos, ou querermos entender e aceitar, que todos estes complexos e aparentemente incoerentes impulsos no sentir, pensar e agir são produtos de nós mesmos, e por muitas vezes quando chegamos a concretizar um pensamento proveniente de nossas personalidades desagregadas em uma ação geralmente exclamamos com certa indignação;

• Como posso eu ter pensado isto!
• Como posso eu ter feito tal coisa!
• Parece que não fui eu mesmo!
• Não acredito que eu possa ter dito ou feito isto!
• Como pode ter acontecido isto!
• O que será que me deu na hora!
• Não pode ter sido eu!
• Etc etc …mil………….

Na realidade tudo que sentimos, pensamos ou fazemos, são nossos mesmos!

Cabe encararmos e analisarmos corajosamente todos nossos sentimentos, pensamentos e ações, buscarmos o autoconhecimento profundo, nos idenficando com nossas tendências, sem as rejeitarmos, observa-las, estuda-las, ressignifica-las, dentro do contexto deste nosso novo projeto de experimentação no soma, a que nos submetemos, e não covardemente incriminarmos terceiros, (demônios, obsessores)  por aquilo que é  nosso conteúdo, faz parte de nossa memória, são personalidades auto geradas em nossa imortalidade como consciências energéticas, que se apresentam e se moldam em nossos corpos somáticos para novas experiências evolutivas.

Teremos, obrigatoriamente, que mudar nossas crenças primarias e singelas, a respeito da nossa constituição psíquica, resignificar nossa existência, requalificando nossas emoções e reações, dando novo sentido a tudo que nos é próprio,  aceitando que tudo ainda faz parte de nós, e somente partir deste reconhecimento, atitude e auto responsabilização, estaremos aptos e preparados a iniciar o efetivo movimento de transformação intima, expansão de nossa consciência cósmica, com  dissolução progressiva do ego com sua desmaterialização.

Vale o aforismo grego gravado no oráculo de Delfos                             “conhece-te a ti mesmo”

Quantas vezes ao dia sentimos que ciclamos nossa personalidade passando de passivos para extremamente agressivos, de generosos para egoístas, de recatados para libertinos, de humildes para vaidosos, de compreensivos e colaborativos, para arrogantes e prepotentes, de trabalhadores atenciosos e dedicados para preguiçosos e negligentes, de calmos para raivosos, alternando constantemente nossa forma de sentir pensar e muitas vezes agir com todas suas consequências.

Não identificamos objetivamente estas personalidades ativas em nosso campo psíquico, e por desconhecimento de suas existências em nossa psique, no eu mesmo, interpretamos estes impulsos, pensamentos e desejos, como  fantasias da nossa mente, ou mesmo influencias externas, como não fossem produtos de nós mesmos, do conteúdo  de nossas consciências (pela psicologia tradicional-inconsciente), que ainda contidas em nosso campo psíquico como personalidades ativas nos transmitem constantemente seus impulsos, interpretados  como pensamentos e sentimentos.

Todas estas personalidades psíquicas, já tiveram suas experiência no soma, criaram seu caráter e sua identidade, que muitas vezes não estão dispostas em concordância com o atual projeto de vida no soma. Projeto este, que é usualmente elaborado a partir da nossa arrogância maniqueísta em se julgar capaz de suportar mudanças buscas e radicais a nova cada existência no corpo somático.

Este contra padrão radical que projetamos, é um dos fatores dos nossos conflitos internos, desconforto existencial, vitimismos, sofrimentos psicológicos, revoltas intimas, culminado em várias e frequentes oportunidades ao retorno dos padrões anteriores já existencializados no soma, manifestados hoje em nossas atitudes aparentemente incoerentes, recorrentes e incondizentes com nossa proposta de vida, onde nós repetimos novamente os mesmos padrões de condicionamentos anteriores.

Existem muitas religiões que terceirizam, de acordo com suas conveniências,  as nossas responsabilidades para imagens arquetípicas externas negativas de  demônios que nos são apresentados com múltiplas representatividades e denominações  ou então como os agentes “obsessores invisíveis que pululam ao nosso redor e nos influenciam mais do que podemos imaginar”  , todas estas criações são muito oportunas, para serem responsabilizadas pelas nossas iniquidades e  desvios cometidos, que ainda mantemos condicionados e ativos em nosso psiquismo, sem que tenhamos que  assumir a total responsabilidade,  pois seriam estes “terceiros”, que não fazem parte de nós, que estariam nos influenciando, os “verdadeiros culpados” por nossos desvios, fazendo-nos de forma involuntária e inconsciente, reincidirmos em nossos erros.

Esta inverdade foi criada e é mantida pelas religiões, ao longo dos séculos, para sua conveniência, pelo seu oportunismo, irresponsabilidade, comodismo e ignorância.

Estas personalidades, múltiplas ativas, quando submetidas, gerenciadas e controladas pelo ego, geram pequenos desconfortos emocionais a que todos nós estamos sujeitos, que são os nossos conflitos menores, nossas duvidas, inseguranças, nossa mudança constante de interesses e atitudes, querer e não querer porem, sem comprometer de forma significativa nosso equilíbrio emocional. Com esta conformidade psíquica, somos todos neuróticos incipientes.

Funciona como se tivéssemos uma peça teatral, uma ópera interior com um roteiro a ser seguido, e nesta nossa peça teatral tivéssemos inúmeros personagens cada um com sua personalidade e caráter próprios, e eu o ego, seria o ego diretor responsável por este roteiro a ser seguido e cumprido.

Enquanto eu ego diretor, dispusesse de vontade, atitude e energia psíquica para manter cada personagem  limitado em seu núcleo de atuação, não invadindo espaço e tempo voluntariamente, e se conduzindo sempre submetido ao eu ego diretor, a opera prosseguiria e o enredo seria  levado a êxito, porem quando por algum motivo o eu diretor permanecia desatento, passivo, sem energia  psíquica ativa e sustentadora, independente do agente motivador de seu enfraquecimento, estas personalidades assumiriam cada vez mais seu caráter e identidade, modificando todo contexto da atuação modificando o roteiro criando dificuldades de toda sorte, muitas vezes provocando a interrupção de todos os atos (no teatro da vida física) com  extermínio  do corpo somático (palco de suas manifestações), com psicoses, suicídios, doenças degenerativas graves,  encerrando a atuação e do enredo antes de sua conclusão final.

Isto é exatamente que ocorre em todas as psicopatias, são os conflitos de personalidades que apesar de estarem todas no mesmo campo psíquico, não se reconhecem entre si, não conseguem identificar seu núcleo ou centro da consciência, não se submetem mais ao ego diretor devido seu enfraquecimento e sua incapacidade gerencial, gerando desequilíbrios psicofísicos de toda ordem.

Muitos exemplos serão apresentados na sessão de descrição de casos de regressão de memória e terapia de vidas passadas, que serão estudados com a identificação destas personalidades desagregadas, técnicas de abordagem com o psicotranse induzido e técnicas de reintegração ao núcleo psíco consciencial com a técnica da psicossíntese.

Deve ficar entendido e claro para o leitor, que não existiria a possibilidade de instalação de qualquer das psicopatologias catalogadas, caso não existisse esta complexidade personalidades, construídas a cada nova experiência no soma, e que ao final de cada experiência no corpo somático podem se dissociar e conflitantes serem acumuladas em nosso campo psíquico, com todos seus reflexos já expostos anteriormente.

Todas as personalidades psíquicas desagregadas do centro da consciência, são independentes, não se reconhecem e não identificam o seu centro, núcleo, eixo manifesto, “consciência encarnada”, fonte geradora da energia psíquica que as mantem. Todas estão submetidas ao ego controlador, que bloqueia parcialmente a emersão de todo seu conteúdo do “inconsciente” (consciente não percebido). Quando digo, bloqueia parcialmente, este bloqueio parcial, permite que traços do caráter de cada personalidade individualizada se manifeste em impulsos em nosso psiquismo como nossas “vozes interiores”.

Quanto menor nossa capacidade de controle, autoconhecimento e esclarecimento, mais energia psíquica nos será subtraída, com enfraquecimento dos mecanismos de filtros e controles (ego/superego), até que conteúdos não equacionados, não resolvidos, já dispostos mais próximos em nosso subconsciente, começarão e se manifestar na psique com emoções e respostas psíquicas desajustadas e as manifestações físicas das mais diversas.

Para toda emoção, sensação que se manifeste, deverá obrigatoriamente ter tido um correspondente referencial verdadeiro, existencializado em uma experiência pretérita no corpo somático, para que a reação psicofísica se manifeste aqui e agora.

A psique não se sensibiliza, disparando reações psicofísicas no corpo somático, a partir de conteúdos de memória que não existencializou (vivenciou no corpo somático) em alguma das personalidades que a compõe.

Um exemplo típico a ser citado é a própria síndrome do pânico.

Quando se busca uma causa traumática e a mesma não é identificada nesta existência, o paciente em regressão localiza e revive o evento traumático pretérito, que ainda está reverberando ativamente em uma das suas personalidades, e que por algum motivo foi ativada (gatilho) disparando todo quadro clínico da Síndrome.

Uma vez identificado o trauma e a personalidade ativa referente, utilizando-se a técnica do psicotranse, pode-se resignificar o evento, retirando o condicionamento traumático, reprogramar, esvaziar sua carga energética, no tempo e espaço de sua ocorrência, atualizando esta personalidade em progressão de memória, levando-a a reconhecer a consciência atual manifesta da qual é parte, e sua programação “reencarnatória” novamente no corpo somático… esclarecer  que esta consciência encarnada, que ela compõe, agora é sua provedora, fonte da sua energia psíquica, finalizando com a sua total reintegração ao eixo consciencial manifesto, através da psicossíntese, inserindo ao todo a parte, agora consciente de sua importância neste todo, agindo positivamente, deixando de ser elemento gerador de conflito, subtração e consumo de energia psíquica do eu manifesto.

Identificamos e terapeutizamos as personalidades patológicas com o emprego de técnica psicanalítica dinâmica, induzida nas terapias de vidas passadas com regressões e progressões de memória e o psicotranse.

Localizado o trauma durante a regressão de memória, o mesmo é revivenciado com todos os seus pormenores psíquicos envolvidos, podendo ocorrer nestes momentos as catarses, que agem positivamente reduzindo significativamente o potencial energético contido nestes traumas, facilitando a sua ressignificação e reprogramação destas personalidades dissociadas tornando mais fácil o seu manejo e a psicossíntese.

Personalidades pretéritas podem ser despertadas por algum gatilho, por exemplo: Um empregado sente-se progressivamente irritado com seu patrão. Esta irritação vai se expandindo em seu campo mental, tomando espaço, até que pensamentos e emoções começam a emergir e se tornarem ativas com sentimento de revolta, indignação, raiva, ódio que vão se tornando incontroláveis levando a reações físicas inesperadas e não raras de gravidade significativa comprometendo o indivíduo em sua vida em sociedade.

Em sessões de regressão de memória, com o psicotranse induzido, localizamos esta personalidade psíquica, desagregada agora de seu núcleo de consciência, que desenvolvera em existência pretérita, o poder, utilizava o primitivismo da força e violência para suprir suas necessidades insaciáveis, a arrogância, a prepotência, detinha graves desvios morais, incrustando, em seu caráter, que jamais seria contrariado, que tudo pode, que nada o detém, que todos devem e tem obrigação de servi-lo e para esta personalidade agora captada e identificada, não existem regras ou leis. Se manifesta agora, nesta existência física, devido não se harmonizar com o contra padrão proposto, pelo centro psíquico (eu central, núcleo da consciência encarnada), e pela incapacidade do ego diretor em manter o seu bloqueio inibitório, durante o tempo suficiente e necessário, para que, natural e psicofisiologicamente, se esvaziasse progressivamente de percentual de seu potencial energético, reduzindo assim a sua capacidade pressão e influência sobre a consciência encarnada agora atuando em contra padrão.

Este é apenas um dos muitos exemplos que descreveremos, na sessão de estudo de casos, onde observamos estas mudanças bruscas de atitudes com todos seus danos e comprometimentos causados, como se houvesse no indivíduo uma transformação radical no caráter e outra personalidade agora dominasse as suas reações psíquicas e físicas.

Demônios? Obsessores? Agentes externos, a serviço do mal e da discórdia, com liberdade de ir e vir atuando sobre nossas consciências inocentes que estariam, de alguma forma, sendo vitimizadas ? Seria possível?

Façam suas reflexões conscientes e inteligentes, frente ao que já foi exposto, discutido, estudado e exemplificado até agora neste livro.

Sempre e indubitavelmente, estes sub produtos do egoísmo, o amor/paixão, a raiva, a culpa e o medo, serão os geradores da dor e do sofrimento, dois elementos que ainda e por muito tempo, durante nosso desenvolvimento, serão a forjas da nossa evolução, enquanto não descobrirmos o verdadeiro significado na transformação de toda esta energia por nós catalisada e acumulada.

Continuando a exemplificar mudança de padrão e ativação de personalidades psíquicas desagregadas.

Geralmente um desfecho, que encerra uma experiência da vida no soma, com eventos de efeitos significativos (geradores de forte campo eletro magnético condicionador), antes ou durante a desomatização (desencarnação), podem e comumente  ocorrem tais como; uma desomatização traumática, violenta,  um amor/paixão não correspondido, o ódio, o impulso de vingança, uma traição devastadora, o abandono, o isolamento e solidão, o sofrimento físico e ou moral atroz, perda material, entre tantas outras iniquidades vividas, fazem com que a nossa consciência, quando em seu estado expandido, fora do bloqueio e pressão que o  condicionamento animal exercido pela matéria impõe sobre a psique, possa  fazer uma revisão e avaliação mais sutil e pormenorizada da sua breve jornada física, levantar fatos, eventos, atitudes, revivê-los e finalmente confronta-los intimamente, frente a intrínseca verdade e lei a que estamos inexoravelmente  submetidos, em decorrência de termos nos criado a partir da nossa tentativa de subtração e individuação, de nossa consciência egoica, da totalidade consciencial primordial de que nos compõe.

Então, confrontados com nosso eu interior, nossa verdade intrínseca nos emaranhamos psiquicamente a estes ecos reflexos dos remorsos, culpas, medos e duvidas,  que reverberarão indefinidamente ( no tempo imensurável, imaterial) e ao final, na tentativa de sair deste redemoinho de sensações atormentadoras, buscar em nossa ínfima porção de essência primordial  da consciência (divina do tudo sabe, tudo é…), um discernimento e partindo deste lapso de consciência em nossa verdade intrínseca, criamos um estado de culpa interior, que em decorrência do nosso condicionamento atávico, colocamo-nos em nova situação para experiência no soma com padrão de experimentação totalmente oposto ao da experiência precedente, vindo a desenvolver uma nova personalidade antagônica em um contra padrão que dificilmente se sustentará.

Mais exemplos;

• O senhor de engenho retorna como escravo,
• O violento, arrogante tenta agora ser o manso, humilde.
• O antigo matador tenta ser o curador, pacificador
• O anterior inteligente maligno se transforma no atual idiota.
• O antigo perverso, sádico, se transforma no sofredor injustiçado.
• O religioso casto se transforma no libidinoso pervertido

Outra possibilidade é criamos uma personalidade semelhante potencializada em seus automatismos e repetimos todo padrão, seguindo mesmo roteiro no soma, agora de forma mais incisiva até que neste ir, voltar e criar saiamos deste ciclo autogerado.

Estes exemplos de mudança drástica de padrão são decorrentes de nossa total ignorância, de nossas crenças distorcidas da verdade, e em mantermos ainda esta certeza humana de que  existe um Deus vingador e cobrador, por nós antroporfomizado,( com comportamento e sentimentos humanos) que nos cobrará “ceitil por ceitil”, nos punirá e  teremos que sofrer até  pagarmos nossas dividas, pecados etc e com este conjunto de  crenças, associadas a  nossa ignorância, arrogância e prepotência, optamos por uma mudança radical de padrão a cada existência física, colocando-nos em situações de sofrimentos e contrangimentos, na certeza de que  com sofrimento e privações “pagaremos nossas dividas” para com Deus e assim estaremos perdoados,(recriamos para nós mesmos o “olho por olho dente por dente”) como se Deus ou esta consciência suprema totalitária e perfeita, de alguma forma solicitasse o  pagamento de nossas ações equivocadas com sofrimentos auto impostos geradas pela ação do remorso, das nossas culpas pretéritas e nossa incapacidade em perdoar e conceder o auto perdão, mudando assim nossas  atitudes, reconhecendo e entendendo a única lei, que é a Lei do Amor, lei esta que ainda não compreendemos e não conseguimos expressar em nós mesmos  transformando mal no bem, o ódio em amor,  toda e qualquer ação negativa  em ação positiva nos harmonizando em sincronia  com a consciência primordial da qual nos criamos.

Pobres, desgraçados, ignorantes que somos, manipulados por crenças limitantes, desconhecedores da Lei do Amor e do Perdão, propomos para “nossa redenção” o padecimento o castigo e o sofrimento como moeda de troca, e quando na grande maioria das vezes não suportamos o “pagamento pela dor” auto imposta, reassumimos o padrão da personalidade pretérita, aumentando ainda mais novas “dividas” e consequentemente mais sofrimentos.

Estas personalidades pretéritas estabelecidas, não desaparecem, elas permanecem em nosso campo psíquico, como já foi dito, esperando um gatilho, situação de discordância, para serem reativadas.

Personalidades estas, criadas em experiências anteriores, estão vivas e ativas, em nosso campo psíquico porem, elas não nos reconhecem como núcleo da consciência e que deste núcleo fazem parte em uma nova experiência no soma.

Estas personalidades múltiplas que desenvolvemos e arrastamos em nosso psiquismo, são nossas vozes interiores, nossos conflitos no pensar, sentir e agir, como se a cada período fossemos uma personalidade diferente e na verdade assim somos constituídos e nos comportamos. É só um simples exercício de auto-observação para termos esta constatação.

O ser integral é aquele que não tem personalidades desagregadas, seremos mais conscientes quanto menor for o número de desagregações, teremos menos conflitos e maior coerência no sentir, pensar e agir, coisas que hoje fazemos totalmente diferentes; sentimos uma coisa, pensamos outra e agimos ainda de uma terceira forma totalmente incoerente com o princípio do sentir.

Mantemos todas estas nossas personalidades em desagregação, em situação de não conformidade com o processo atual na experiência física. Por elas somos agredidos psicologicamente, gerando todas possibilidades das psicopatias, em toda sua escala, sempre na dependência do número das personalidades, seu grau de dissociação e conflitos com o projeto atual de vida, seus reflexos e interações ao soma e ao meio ambiente a que nos situamos aqui e agora, patrocinando a nossa vulnerabilidade psíquica, abrindo assim as possibilidades para que se imponham em nossas consciências, comprometendo nossos atuais projetos.

 

 

*Nenhuma ligação mental ou pensamento são perdidos, a nossa vida virtual é a materialização das nossas ideias, pensamentos…

O mundo é para cada um de nós o que acreditamos que ele seja…nós estamos em tudo e tudo está em nós…somos imagens holográficas do universo.

Salvador