ORIGEM DAS CONSCIÊNCIAS INDIVIDUALIZADAS

ORIGEM DAS CONSCIÊNCIAS INDIVIDUALIZADAS

Temos dificuldade em imaginar o nada assim como temos a mesma dificuldade em imaginar um todo de consciência preenchendo o não tempo e o não espaço. Esta complexidade que se apresenta, limita nosso raciocínio sobre nossa origem, de qual tipo de matéria somos constituídos, de onde surgiu esta “matéria primordial”, de onde viemos, como nos individualizamos e nos diferenciamos criandnosso *ego com nossas identidades únicas.

Como animais intelectuais, ainda limitados em nossa ignorância, mergulhados na matéria física da forma que a percebemos, vibrando nas emoções primitivas, bloqueamos a lógica e a razão e somos todos presas fáceis para aceitarmos e introvertermos em nosso psiquismo, estórias fantasiosas, ilógicas e inconsistentes,(o Éden, paraíso material, Adão e Eva, Cain e Abel, a cobra, a maçã, o céu ,o purgatório, o inferno, o pecado, o castigo divino, os demônios, o carma, o darma, lei de causa e efeito, etc.) que por preguiça e comodismo mental aceitamos como verdades e nelas e com elas alicerçamos nossas crenças, consequentemente nossas vidas, nosso modo de sentir, pensar e agir.

Exemplos disso estão nas religiões, tendenciosas, desenvolvidas a partir das nossas mentes humanas ignorantes e primitivas, que com visão míope e primária, tentam descrever e interpretar eventos e fatos, criam concepções e estruturam conceitos físicos materiais e cartilhas morais doutrinárias, para tentar sob suas conveniências, impor e explicar o transcendente, o imponderável, de forma dogmática, irracional, dentro de sua visão e esclarecimento humano, ainda limitado, criando e estabelecendo estes “dogmas da fé” e regras ilusórias e não sustentáveis frente a qualquer observador dotado de um pouco de senso crítico, pragmatismo e racionalidade.

Utilizemos então, o pouco que temos, de nossa imaginação ativa e criativa para abrirmos um campo mental de entendimento e aceitação de uma proposta racional a respeito da nossa origem como individualidades.

Partindo do princípio que exista uma consciência única, inteligência totalitária, harmônica, eterna no antes e depois, ocupando o não tempo e não espaço, ilimitada em todas as possibilidades, nós podemos chamá-la de O ESPÍRITO, consciência universal, consciência cósmica (quando coloco universo ou cosmo, já limito um espaço), consciência divina etc., de qualquer modo, temos esta percepção de uma consciência, elemento, primordial (O ESPÍRITO) que permite a partir dela a criação e a criatura da forma que nos percebemos.

Tentemos materializar esta ideia para estimularmos nosso entendimento e poderemos com uma analogia, iniciarmos um raciocínio básico.

Imaginemos que esta consciência única, primordial (O ESPÍRITO) fosse toda ela água, em um oceano harmônico, ativo, porém sem movimentos em nossa percepção imaginativa, harmonia total serena e plena, e permitisse que deste oceano, de consciência única, se criassem movimentos desarmônicos, inicialmente sutis,(… nas ilimitadas possibilidades)e que estes movimentos desarmônicos, imaginados como pequenos vórtices em movimento, progressivamente fossem se individualizando em pequenos núcleos, com fluxos consciências contrários, se fechando em movimento centrípeto, dentro desta totalidade harmônica, se individualizando, se personalizando, criando identidade própria, gerando sua desarmonia individualizada, quando em determinado momento começa a perceber já em si mesmo, agora auto identificado como individualidade unigênita, o infinito e imensurável  poder intrínseco contido na porção da totalidade consciencial aparentemente “subtraída”(não existe subtração na totalidade da consciência primordial) deste oceano.

Prossegue aumentando seu fechamento, tentando se isolar do todo harmônico, se enclausura, desenvolve a individualidade, o individualismo se reconhecendo no egocentrismo, mantendo constante o movimento de fechamento, quase total para o oceano do qual é parte, forçando seu isolamento da totalidade, onde somente com a fragmentação e consequente desvinculação desta memória da consciência totalitária e harmônica, conseguiria ter a sensação deste poder dela subtraído e individualizado em seu egocentrismo desenvolvido, passando progressivamente a não perceber que ainda permanece parte do todo, porém,  fechado em si mesmo pelo egoísmo, criando a ilusão de isolamento, aumentando progressivamente o fechamento e adensamento, desta porção de consciência primordial “subtraída” e agora individualizada, aumentando a sua compressão, ganhando consistência material no seu enclausuramento em campo energético hermetizado e egoísta, chegando a tal ponto de contração e adensamento que ao final deste processo de contração em si mesmo, chega ao ponto máximo de concentração da consciência, adensando-se em energia, agora vibracional, para a matéria, e neste momento se fragmenta, “explodindo no Big Bang?”, criando os universos materiais, o  tempo e o espaço, da forma que o percebemos nesta nossa projeção ilusória e holográfica na matéria.

Ainda que não tenhamos esta percepção clara em nossas individualidades, sentimos que fazemos parte de um todo e nele vamos nos inserir quando recobrarmos nossa memória e o potencial da totalidade hermetizada em nós mesmos em decorrência desta contração que nós nos impusemos com este movimento egocêntrico centrípeto, iniciado no exato instante em que sentimos o infinito e insuperável poder intrínseco que teríamos com esta tentativa, impossível, de subtração e isolamento da totalidade.

Neste momento inicia nossa queda vertiginosa da consciência, plena e harmônica, para a matéria (após contração máxima desta porção por nós aparentemente subtraída do todo), contraímo-nos até a atomização, formamos os universos densos, e partimos nas experimentações elementares, agora materializadas, buscando recobrar progressivamente nossa consciência da totalidade, caminhando de retorno ao desadensamento da matéria.

Este caminho de retorno à totalidade, à consciência plena e harmônica, é o caminho da reevolução, é passarmos de novo pela estrada que viemos, é relembrar tudo que já está intrinsecamente gravado em nós, é a redescoberta do já conhecido, é o caminho obrigatório rumo ao oceano primordial para reintegração na potencialidade harmônica.

Na trajetória do retorno, criamos e passamos por todas as formas materiais, readquirindo os potenciais que já estão em nós, porém imperceptíveis, que é o todo em tudo. Ascendemos, partindo do princípio material elementar, do mineral ao humano, readquirimos progressivamente sensações, emoções, e inteligência, lutamos interiormente com nossos conflitos do ser e não ser, e nesta longa caminhada de retorno à totalidade nos submetemos a todas as possibilidades de forma e experimentações.

A maioria das religiões estabelecidas nos preconiza que fomos criados, simples e ignorantes, à imagem e semelhança de um Deus (Consciência totalitária).

Como será possível?

Esta consciência superior, divina, criaria alguma coisa simples e ignorante, deformada na forma e no sentido como nós somos, submetidos a todos os reflexos físicos naturais e degradantes da matéria a que nos submetemos?

Criados! À imagem e semelhança de Deus?

Sendo que não fomos criados, nós mesmos nos criamos, em impulsos individualizados, dentro das infinitas possibilidades e total liberdade, a partir desta consciência primordial, que está em nós, como que subtraída do todo, porém não conseguiremos percebê-la enquanto não dissolvermos totalmente nosso ego, não reintegrarmos nossas personalidades fragmentadas e dissociadas entre si.

Somente após a fusão de todas estas personalidades auto geradas e integração de todas ao centro psíquico, núcleo da nossa consciência, com progressiva desidentificação com o nosso individualismo e egocentrismo, é que estaremos nos desadensando na matéria, resgatando nossa percepção da totalidade à qual estamos inseridos e ascencionando como seres integrais e conscientes. Até lá, teremos uma caminhada lenta e longa, desfazendo todos os elementos egoicos que geramos em nossa queda e individuação voluntárias.

Partimos na gênese dos universos que criamos, com nossa contração energética e posterior fragmentação, como elementos primários, básicos na matéria, elementos atômicos, formas moleculares infinitesimais, porém mantendo uma lógica matemática em seus movimentos evolutivos como: atração atômica, organização molecular, reações químicas, evolução na forma e no sentido, do mineral ao vegetal, do animal ao humano, relembrando a cada estágio ascensional, todas as etapas já percorridas quando de nosso aparente desprendimento e queda da totalidade.

Como seres humanos, com nossas consciências encarnadas, depois desta jornada em todos os reinos da natureza, criamos a cada nova experiência na matéria uma nova personalidade de acordo com nossas necessidades evolutivas, sempre ainda ligadas à razão de nossa queda do todo imanente, (” O Espírito”) em decorrência do nosso egoísmo e da busca do poder individualizado. Estas personalidades múltiplas por nós geradas a cada experiência no soma, podem se dissociar de nosso eixo ou núcleo consciencial, adquirir e criar, após repetição de seus modelos existenciais e padrões de atuação quando no corpo somático,   identidades próprias, independentes, geralmente mono ideadas, por muitas vezes não se reconhecendo como parte integrante do nosso núcleo de consciência, mantendo-se desagregada do mesmo  (após sua experiência no soma), gerando conflitos e desarmonias psíquicas complexas que serão discutidas a seguir no estudo das personalidades psíquicas.

*Estamos neste universo por acidente, acidente que imprudentemente causamos quando quisemos experimentar o poder, individualizando, em um eu aparente, parcela da totalidade, comprimindo consciência cósmica com nossa força centrípeta, egocêntrica individualizada, desenvolvendo nosso ego-egoísmo, gerando como suposta subtração, parcelas infinitesimais do todo, comprimido em nosso ego-egoísta, que se contraiu da consciência plena, (O Espírito) em um movimento de tentativa de auto exclusão do Espírito, criando a ilusória percepção e sensação material, e a estas ilusões nos entranhamos, nos submetemos, por nossa única e exclusiva vontade e liberdade, experimentado agora todas as dificuldades observadas e sentidas nesta nossa experimentação física nestes universos que criamos.

Neste retorno, lento, contínuo e inexorável à totalidade harmônica, ao Espírito de onde nunca saímos, somente perdemos temporariamente a memória integral e a percepção da totalidade intrínseca em nós, em virtude da nossa voluntária contração de consciência, criando assim espaço/tempo, energia e matéria da forma que a sentimos e estamos submetidos neste processo de tentativa de auto exclusão.

Olhamos estes universos com dois bilhões de galáxias e julgamos criação do Espírito, porém, esta consciência primordial totalitária é imensurável, é perfeita em sua essência. Tudo que observamos a partir deste “holograma encarnado” é fruto de nossa criação imaginativa, agindo como elementos individualizados desta consciência superior, por nós contraída, nesta ilusão de poder egoico, quando pretensamente o julgamos subtraído do todo e o expressamos na forma da matéria tal qual se nos apresenta e nela nos degradamos.

A consciência primordial totalitária, O Espírito, é a lei harmônica, é princípio imaterial, indivisível, e todo este nosso universo material fictício retornará inequivocamente à organização dentro da totalidade harmônica de que nunca saiu. A separação é uma ilusão.

Será, e está sendo, desintegrada toda força ególatra e consequentemente toda matéria se desagregará com a perda da sustentação oferecida pela força do nosso ego e individualismo.

Retornaremos e nos reintegraremos agora conscientes, ao Espírito, com a ascensão e expansão das nossas consciências, em decorrência do resgate progressivo de sua memória intrínseca e latente do todo, desintegrando o ego e o individualismo até a completa reintegração à totalidade, onde readquiriremos o equilíbrio estável e harmônico, não submetido a leis físicas da matéria a qual imprudentemente criamos e nos submetemos. Será a reintegração do eu ao Ser.

*Ego (eu sou) é o mecanismo de bloqueio da percepção da consciência totalitária ora contraída, dando sustentação às múltiplas personalidades criadas, impedindo o livre acesso ao “inconsciente.

Gere dúvidas, somente através da dúvida encontraremos a verdade.

Salvador Arruda